Nao comenta com ninguem ( Parte 1)

"Nao comenta com ninguem, mas eu fiquei gravida através de uma FIV."

Acho que toda fivete ja falou ou vai falar essa frase sempre com um certo receio de que a vida privada vire tema das conversas de roda.

Claro que tem quem não ligue de contar para todo mundo, mas eu ligo.

Parte de mim sente um orgulho danado de ter meu bebe crescendo em mim apos toda a dificuldade que é o tratamento. E olha que nem me sinto "uma guerreira", "sofredora", "corajosa" como quem esta na luta a longo tempo. Tiro MESMO o chapéu pra quem passou ou passa pelo caminho tortuoso de querer um filho a anos e não obteve ainda  sucesso. Não é fácil e admiro demais quem se mantém forte, porque acho mesmo que assim deve ser. Uma luta que só é vencida se não nos deixarmos vencer.

Eu consegui engravidar na primeira tentativa e me sinto simplesmente " sortuda, abençoada", mas meu marido, por exemplo, perdeu o primeiro casamento devido a infertilidade ( de ambas partes) e passou exatamente por esse caminho de espinhos, ao ponto de perder a fé.

O que me move, porem a nao comentar com ninguém ( ou quase ninguém) é exatamente a falta de informação de algumas pessoas.

Sei que uma novela ai esta, ou estava abordando o tema da infertilidade de uma maneira deturpada e vejo que é exatamente assim que muita gente ve o problema ( e também a solução): com pena, com medo, com duvida, com ideias malucas, com falta de tato ou respeito.

E foi exatamente assim que eu vivenciei quando resolvi comentar o caso com algumas pessoas.

Basicamente quem sabe é minha irma, sogra, 3 casais de amigos e duas grandes amigas minha e outras duas que "não tao amigas", criaram uma decepção. Parece bastante gente, mas algumas pessoas so ficaram sabendo mesmo porque não teve como esconder durante o tratamento. Contar por confiar algo tao privado, foram poucos.

Bom, eu nao conheco muita gente por aqui. Sempre saio para tomar um cafe ou almoçar com algumas pessoas do curso de alemão e mantenho mais contato com umas 3 ou 4 mulheres de diferentes nacionalidades. Idade entre 24 e 32 anos. Gosto bastante delas e se tornaram amigas, mas superficialmente. Nada comparado as amizades de anos que tenho no Brasil.

Numa ocasião, pouco antes da minha TEC, comentei com uma dessas amigas sobre o tratamento. Me decepcionei bastante com os comentários e acabei errando também ao tentar ajuda-la com um possível problema que ela relatou. Dei ideias, expliquei coisas sobre o tratamento e acabei a assustando. Errei feio, mas com boas intenções. Em contrapartida, ouvi também o que não queria sobre meu tratamento.

A amizade ficou balançada e me arrependi amargamente de ter contado.

Aprendi uma licao...me manter calada! Ou quase aprendi...